Maio-2010
Depois
de trocar de avião em Dallas, cheguei a Frankfurt às 11 horas. O controle de
passaportes aqui é mera formalidade, sem complicações e dura alguns segundos
apenas. Não precisa preencher formulário, tirar impressão digital, nem retrato.
Aqui não tem pessoas ilegais. Aqui o custo de vida é alto e ninguém dar emprego
para pessoas ilegais - sem visto, nada feito. Mas aqui também tem muitos
imigrantes do leste europeu (países como Bulgária, Polônia, Romênia), que são
pobres e vem aqui para roubar.
A
cidade é famosa por seu aeroporto internacional,feiras e exposições. Aqui tem
uma sede da união europeia e também é a cidade que nasceu Goethe, o escritor
mais famoso da Alemanha.
Quando
cheguei ao aeroporto peguei o metrô (US Bahn) para a cidade. Nenhuma estação de
metrô tem bilheteria. Você tem que escolher a cidade que vai e colocar o
dinheiro na máquina. A máquina cobra e dá troco certinho. A gente compra o
bilhete, não é controlado por ninguém e não precisa passar por nenhuma catraca.
Já morei aqui vários anos, andei muito de metrô e nunca vi nenhum cobrador. Se
alguém quiser andar de graça pode, mas se for pego pode receber uma multa de 40
euros e até ir preso. Por isso quase ninguém viaja de graça aqui, mesmo sendo
raro qualquer tipo de controle ou vigilância.
Tem
que entender muito bem o idioma para poder operar essas máquinas. Eu comprei o
bilhete de metro e um jornal sensacionalista chamado “Bild Zeitung” para ler no
metrô. Na primeira pagina saiu a noticia “Porque eu tenho que pagar a dívida da
Grécia?” Acho que o governo alemão está tentando salvar o euro ajudando a Grécia.
Outros países como a Itália, Espanha e Portugal também estão ajudando a Grécia
a sair da crise. Para os brasileiros é normal o dinheiro cair, mas aqui não e
todos estão preocupados. Na TV do Hotel só se fala na crise. O Euro que estava
quase três reais já custa 2,35 reais.
Em
uma quinta-feira tomei café da manhã e sai para passear. Encontrei as ruas
totalmente vazias e sem transito e as lojas fechadas. Depois descobri que era
feriado. “Dia 13 de maio comemora o “Dia da Ascensão para o Céu”, um feriado
católico chamado Christus Himmelfahrt”.
A temperatura está por volta de 14 graus, nublado, ótimo para caminhar
pela rota de turismo dos ônibus. Comecei pelo centro na Catedral de São
Bartolomeu, uma igreja católica que fica na Praça dos Romanos. A praça estava
cheia de gente e havia um grupo de músicos tocando e cantando. Interessante que
durante o culto, não era permitido entrar nem sair da igreja, e achei certo
isso.
A
cidade estava vazia, mas as praças estavam cheias de gente passeando e bebendo.
Perto de Romerplatz tem a Igreja de São Paulo, moderna e construída há poucos
anos. Em seguida visitei a casa de Goethe (acho que Goethe para os alemães é
como Machado de Assis para os brasileiros). Depois de aprender o idioma alemão
o primeiro livro que eu li foi “Fausto” de Goethe. É uma leitura difícil, em
forma de poema, e é um dos principais livros da literatura alemã.
Outro
lugar que visitei foi o Jardim das Palmeiras, que é tipo um jardim botânico,
depois o Museu de Senckenberg, depois em um salão de exposições chamado
Festhalle/Messe, que é cerca de três vezes maior que o nosso Anhembi. Depois
passei na estação principal chamada Hauptbahnhof.
As
cidades de Berlim, Hamburg, Frankfurt e Munich representam os quatro pilarem
importantes no desenvolvimento cultural, financeiro, ECT do país. O rio Main
atravessa a cidade toda. Aliás, todas as cidades daqui são banhadas por rios.
Em Hamburg tem Elbe e Alster. Isar banha Munich e Main banha Frankfurt. É muito
bonito ver os rios atravessando as cidades, e ao longo dele tem ciclovias,
jardins e bancos. Há lindas paisagens que os alemães conservaram durante
séculos. Ao contrario de muitas cidades do Brasil onde os rios são sujos e
poluídos, aqui eles são preservados em sua totalidade e a vida urbana ao redor
não os poluem.
O
passeio pelo rio Main é bonito e tranquilo, onde a natureza e beleza não
faltam. A gente até esquece que está no meio da cidade. Dá para deitar na
grama, andar de bicicleta, sentar o olhar os navios passarem, saborear lanches,
nozes e castanhas, ver as crianças brincarem e os adultos fazerem jogging.
Tinha também uma competição de remadores, e cada barco tem quatro remadores e
um orientador.
Além
dos rios tem várias pontes que ligam duas partes da cidade. As mais visitadas
são Eiserne Brucke (ponte de ferro) e Alte Brucke (ponte velha). Dá para
passear em cima das pontes, que tem vista bonita para todos os lados.
Aos
domingos parece que toda a cidade fica concentrada na beira dos rios. Tem
festas maravilhosas e em todo lugar tem o que comer e o que beber. Os momentos
felizes de muita gente aqui é sentar em um banco desses, comer um sanduiche e
tomar uma cerveja. Aqui é permitido beber em qualquer lugar e a cerveja é uma
das bebidas mais consumidas!
Aqui
se vê de tudo, menos o sol, que aparece raramente. Tem ano que o sol aparece
apenas por 40 dias, e geralmente quando não tem sol o frio aumenta. Nos
banheiros públicos está escrito: “Aqui tudo tem seu preço e até a sua m... vale
dinheiro”. Nosso serviço de sanitário custa “70 centavos.”
Quando
se entra em uma loja de fast food, os preços normalmente não ficam escritos e
normalmente os funcionários não costumam entender o fato de você ter perguntas
para fazer. Eles não gostam de responder. Linguiça assada se vende em qualquer
lugar, e os alemães comem muita linguiça com pão. Eles colocam um monte de
mostarda e maionese. A bebida preferida é a cerveja, e se encontra também em
qualquer lugar. Eles bebem de 6 para mais, só para começar. Salada de batata é
mais consumido do que arroz e macarrão. Sempre tem um jeito diferente de comer
batata. Batata frita eles chamam aqui de “pommes”.
Nas
ruas tinham alguns jovens entregando folhetos. No inicio não queria pegar, pois
pensava que era algum comércio ou algum assunto político, mas não era nada
disso. Eu li a mensagem e adorei, e a tradução desse folheto era o seguinte:
“Uma
gota de ajuda vale mais do que uma simpatia do tamanho de um oceano. Nós
gostamos de alertar: Veja ao seu redor! Tem muitas pessoas em toda a parte que
pode estar precisando da sua ajuda. Seja uma senhora carregando compras pesadas
ou uma mãe com seus filhos, ou um turista perdido e sem entender o mapa da
cidade; ou até uma pessoa que foi excluída da sociedade e que está sendo mal
tratada na praça. Redobre sua atenção e viva moralmente, com fraternidade e com
seus colegas cidadãos.”
Se eu
tivesse outra vida queria nascer aqui. Eu me identifico com o povo daqui, e são
muito mais hospitaleiros do que os brasileiros. Eu moraria para sempre aqui se
eu tivesse “raça branca”. Conheço esse lugar há 41 anos e sempre que posso
viajo para cá. Mas aqui não é um bom lugar para negros e mulatos viverem em
sociedade. O Brasil que eu conheço é a grande São Paulo onde todo mundo corre e
ninguém conhece o vizinho que mora ao lado. No interior devem ter pessoas mais
hospitaleiras do que na cidade grande. Muita gente confunde esse lugar com
Hitler e pensa que toda a Alemanha é nazista. Quem pensa assim nunca conheceu
esse lugar!!
Escrevo
sobre as viagens que faço porque quero que minhas experiências seja uteis para
quem lê, e quando a idade avança a única maneira de desabafar é escrevendo
mesmo. Quando a gente fica longe de casa, a gente fica com saudade da cultura
do país que vivemos, e dos amigos que nos querem bem.
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